Apresentação breve:
Não menosprezando outros pontos de interesse em Gondomar, "a mais recomendável visita a fazer será a do miradouro do Monte Crasto.
A vista que daí se alcança, para a cidade do Porto é simplesmente admirável".
Assim tem início a descrição da visita recomendada a Gondomar, no livro "Guia de Portugal - vol 4.º - Entre Douro e Minho". Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian

Localização:
O Monte Crasto situa-se em Gondomar, conhecendo a norte a Câmara Municipal; a nascente, o Monte Calvário e outras serranias; a sul, uma extensão de povoamentos até ao Rio Douro; e a poente, a vila de Valbom integrada no Concelho de Gondomar.
Do alto do Monte Crasto (194 metros de altitude), avista-se sem qualquer dificuldade as cidades do Porto e de Gaia, não sendo escusada uma vista sobre o rio Douro, as suas pontes; e, em dias de tempo claro, o mar.

"O nome de Crasto, que vulgarmente lhe é dado, vem, como se sabe, do latim 'castrum', que, por metátese, resultou 'Crasto'; significava naquela língua dos Romanos 'castelo' ou 'praça fortificada'; mas depois tal nome generalizou-se e tomou o significado de 'lugar vistoso', próprio para acampamentos ou fortificações. É o caso do nosso monte. (...)

Na verdade, o nosso monte nunca teria tido qualquer fortificação levantada pela mão dos homens; e se a teve, ela deve ter sido destruída já desde remotos tempos, pois que vestígios alguns existem que nos atestem tal edificação; e é de supor que a própria configuração do terreno bastasse à defesa ou ataque, em caso de guerra, pois o seu cume é um verdadeiro entrincheiramento. Sabe-se que ele foi aproveitado pelos Romanos, porque as moedas [três moedas de prata, uma delas grega, e cento e setenta e três médios bronzes e pequenos bronzes] e outros objectos de olaria lá encontrados dão-nos sobejas provas dessa verdade histórica. No entanto, a documentação escrita, relativa a este monte, apenas nos aparece no século XVIII, num Auto de Doação do «Património da capela de Santo Isidoro do Monte Crasto», feito [em 11 de julho de 1757] por Salvador Francisco, jornaleiro e sua mulher Maria da Silva, os quais, entre os demais bens de raiz que [possuíam, faziam doação e declaravam] pertencer a tapada e pertenças à dita capela. (...)

Auto de Património da capela de Santo Isidoro, Santa Bárbara e Nossa Senhora da Lapa - 11 de Julho de 1757 

«Em nome de Deos Amen.
Saibão quantos este publico instrumento de escriptura de doação de Património virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e sete centos e cincoenta e sette annos, digo de Património para a capela ao diante declarada de oije para sempre ou como em direito mais lugar aija virem que no Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e sette centos e cincoenta e sette anos doze dias do mez de Julho do dito anno nesta cidade do Porto, e escriptorio de mim tabelliam apareserão prezentes partes a saber Salvador Francisco, jornaleyro e sua mulher Maria da Silva, moradores neste, (...)